Como o HIV pode afetar a língua do paciente portador do vírus
A forma como o HIV afeta a língua do paciente portador do vírus
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É uma infecção viral que ataca o sistema imunológico, levando a uma ampla gama de sintomas.
O HIV pode afetar todas as partes do corpo, incluindo a pele e os sistemas nervoso, respiratório e digestivo.
Também pode aumentar a probabilidade do indivíduo desenvolver problemas de saúde bucal.
O National Institute of Dental and Craniofacial Research assegura que pessoas portadoras do HIV se encontram em um estado de “risco especial para problemas de saúde bucal”.
Evidências sugerem que cerca de 30 a 80% das pessoas que vivem com HIV apresentam complicações orais associadas.
Os sintomas do HIV variam dependendo do estágio da patologia.
Os três estágios do HIV, são:
- Fase 1: Infecção aguda pelo HIV
- Fase 2: Infecção crônica pelo HIV
- Fase 3: AIDS
Sintomas orais, como úlceras bucais, ocorrem frequentemente durante o estágio agudo. Como resultado, eles podem ser um sinal precoce do HIV.
Sintomas bucais também podem ser importantes para monitoramento da progressão do HIV para a AIDS.
Os sintomas orais do HIV podem afetar a língua de várias maneiras, cada uma delas pode exigir tratamentos distintos.
Neste artigo, analisamos os principais sintomas do HIV que podem afetar a língua e as opções de tratamento. Também discutimos como reduzir o risco de complicações orais e explicar porque o vírus não se espalha através do beijo.
Como o HIV pode afetar a língua?
O HIV pode afetar indiretamente a língua provocando vários problemas de saúde bucal. Dentre eles, podemos destacar:
- Candidíase
- Leucoplasia oral peluda
- Herpes
- Hiperpigmentação
- Verrugas
Candidíase oral
A candidíase oral é uma infecção fúngica que pode se desenvolver em qualquer lugar da boca. Apresenta-se na forma de manchas que podem ser amarelas, brancas ou vermelhas e podem provocar uma sensação de queimação. Pessoas com candidíase oral podem experimentar mudanças de percepção de sabores. A sensibilidade aos variados temperos também pode aumentar.
Em caso de um episódio de infecção leve, o profissional de saúde pode prescrever antifúngicos e/ou enxaguante bucal. O uso de antifúngicos orais é recomendável apenas para os casos graves de infecção.
Leucoplasia oral peluda
É uma lesão oral comumente vista em pessoas imunocomprometidas, manifestando-se com manchas brancas na lateral da língua e uma característica aparência “peluda”.
É uma das várias doenças orais que podem afetar regularmente as pessoas com HIV, mais frequentemente quando a contagem de CD4 de uma pessoa cai abaixo de 200.
Embora normalmente não seja dolorosa, o crescimento pode causar desconforto.
Manchas de leucoplasia oral peluda podem se assemelhar aquelas da candidíase oral. No entanto, não é possível remover as manchas de leucoplasia oral peluda. Já no caso da candidíase oral, o paciente conseguirá remover por raspagem as manchas que se desenvolverem.
Herpes oral
Pessoas com HIV são mais propensas do que as demais a desenvolver herpes oral, à medida que o vírus enfraquece o sistema imunológico.
Infecções por herpes oral geram feridas vermelhas e bolhas dentro e ao redor da boca. Estas nem sempre são dolorosas, mas muitas vezes causam um formigamento ou sensação de queimor.
Ao contrário da candidíase e leucoplasia oral peluda, o herpes oral é contagioso e pode ser transmitido através do contato boca-a-boca — por exemplo, através do beijo.
Atualmente não há cura para o herpes. Um profissional da saúde habilitado pode prescrever medicação antiviral que poderá reduzir a frequência e a gravidade dos sintomas orais.
Hiperpigmentação oral
Provoca lesões escuras que se desenvolvem na boca. São consequência de mudanças nos níveis hormonais que fazem com que uma pigmentação adicional fique armazenada nos tecidos. Essas lesões podem se apresentar com variedade de cores, como azuis, roxas, marrons, cinzas ou pretas.
Os efeitos da hiperpigmentação oral são puramente estéticos.
Verrugas orais
Verrugas orais podem se desenvolver em qualquer local do interior da boca. Tais verrugas não são dolorosas, mas se parecem com leves protuberâncias ou com o surgimento de uma, ou muitas manchas.
Elas são causadas pelo vírus papiloma humano (HPV) e são muito mais comuns entre aqueles que são HIV-positivos do que na população em geral. Elas podem se apresentar nas cores rosa, branco ou cinza e potencialmente se espalhar através do beijo.
O tratamento vai depender de onde eles crescem. Podem ser prescritos cremes antivirais para verrugas dessa natureza. Os dentistas podem também remover as verrugas congelando-as ou recortando-as pelo uso de lasers, porém elas podem retornar.
Cuidados preventivos
Os indivíduos podem tomar várias medidas para minimizar as chances de contrair o HIV. São cuidados já bem conhecidos, mas que é bom recordarmos:
- Abstinência sexual;
- Adoção de método barreira, como uso de preservativo, durante toda a atividade sexual;
- Evitar o compartilhamento de agulhas;
- Em casos bem específicos, também o uso medicamentos de prevenção ao HIV, como a chamada profilaxia pré-exposição (PrEP.).
Conforme a Associação Americana de Odontologia, pessoas com HIV podem ajudar a prevenir complicações orais adotando as seguintes práticas:
- Participar de consultas odontológicas regulares;
- Escovar os dentes após as refeições por pelo menos 2 minutos cada vez;
- Usar regularmente o fio dental entre os dentes;
- Tomar a medicação anti-HIV regularmente.
Além de experimentar as complicações orais acima, indivíduos com HIV podem sofrer de boca seca (xerostomia) crônica. Isso pode levar a outros problemas bucais, incluindo infecção e cárie dentária.
O indivíduo pode reduzir o ressecamento da boca adotando algumas medidas:
- Ingerir água potável regularmente;
- Evitar uso de sal em excesso;
- Abster-se da ingestão de bebidas alcoólicas;
- Abster-se de fumar;
- Mastigar chiclete sem açúcar ou se valer do uso de saliva artificial.
O HIV pode se transmitir através do beijo?
É extremamente improvável do HIV se transmitir através do beijo, pelo fato do vírus não ser transmissível através da saliva. No entanto, é possível que ambos os parceiros tenham feridas abertas na boca, o que pode permitir que o sangue de uma pessoa com infecção entre na corrente sanguínea da outra pessoa, gerando a contaminação.
O HIV pode transmitir através do sexo oral?
O risco de transmissão do HIV através do sexo oral é mínimo.
No entanto, isso pode acontecer se os fluidos corporais de uma pessoa com HIV entrarem na corrente sanguínea da outra pessoa através de uma ferida aberta em sua boca. A transmissão também pode ser possível se alguém com uma carga viral detectável ejacular na boca de um parceiro sexual.
Portanto, é aconselhável que as pessoas usem proteção de barreira, como preservativos, durante toda a atividade sexual.
Outras complicações bucais
Pessoas com HIV podem desenvolver outras condições que levam a complicações bucais, incluindo:
- Papilomavírus humano;
- Aftas;
- Doença gengival;
- Sarcoma de Kaposi.
Isso ocorre porque o HIV enfraquece o sistema imunológico, dificultando para o corpo a luta contra as infecções.
Resumindo
O HIV pode causar uma ampla gama de sintomas que afetam todas as partes do corpo. Os sintomas orais, que ocorrem frequentemente durante o primeiro estágio, podem afetar a língua. O HIV reduz a resposta imune, de modo que uma pessoa com o vírus é mais suscetível a novas infecções. Como resultado, as pessoas com HIV frequentemente desenvolvem outras complicações, incluindo condições como herpes oral.
Há pouca chance de o HIV se espalhar através do beijo. O vírus se transmite quando o sangue, leite materno, fluido vaginal ou sêmen da pessoa com a infecção tem contato com a corrente sanguínea da outra pessoa. Portanto, ambos os parceiros teriam que ter feridas de boca aberta para que o vírus se transmita através do beijo.
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Fontes: HIV e leucoplasia oral peluda, OMS, American Dental Association, CDC, Oral Manifestations of Human Immunodeficiency Virus-Infected Patients, Oral pigmentation: A review, Human Immunodeficiency Virus (HIV)