Probióticos no tratamento da gengivite e periodontite
Revisão bibliográfica recente traz evidências do papel dos probióticos no tratamento da gengivite e periodontite.
Abordagens terapêuticas baseadas em probióticos são relativamente novas no campo da odontologia clínica.
De acordo com uma revisão recente publicada na Frontiers in Dental Medicine, os probióticos podem ser eficazes no combate à gengivite e periodontite quando usados em conjunto com outros medidas de tratamento.
O microbioma oral é a segunda maior comunidade microbiana em humanos, perdendo apenas para o microbioma intestinal.
Microbioma oral
Os microrganismos que compõem o microbioma humano são comunidades organizadas estrutural e funcionalmente que aderem a superfícies formando biofilmes. Eles contribuem para as principais funções metabólicas e imunológicas para os seres humanos.
O complexo equilíbrio entre as espécies residentes na cavidade oral é responsável pela manutenção de um estado saudável (simbiose) ou associado a doença (disbiose). Um microbioma disbiótico, aquele em cuja microbiota as proporções relativas de espécies ou táxons são alteradas, pode estar por trás de distúrbios como gengivite e periodontite. A disbiose é uma condição clínica que acontece quando a microbiota intestinal está sofrendo algum desequilíbrio de bactérias.
Probióticos em ação
Na clínica dentária, continua a publicação, a microbiota oral é considerada um risco para a saúde e a remoção do biofilme bacteriano oral tem sido um componente chave das mais recentes recomendações terapêuticas para prevenir a cárie e tratar a periodontite.
Por outro lado, o estudo indica que os probióticos são microrganismos benéficos que modulam a resposta imune, fornecem nutrientes essenciais e inibem a proliferação e virulência de patógenos. Além disso, eles interferem no crescimento e no metabolismo de microrganismos concorrentes e afetam os hospedeiros local e sistemicamente, melhorando a integridade epitelial, estimulando o recrutamento de células dendríticas de células T reguladoras e ativando a produção sistêmica de ocitocina.
O artigo acrescenta que foi relatado que os lactobacilos probióticos conseguem aderir ao revestimento da mucosa intestinal e ao epitélio oral, aproximando-se assim das células humanas.
Uso de probióticos em tratamentos de saúde bucal
Por todos esses motivos, os probióticos estão sendo cada vez mais estudados no tratamento de problemas de saúde bucal, como gengivite e periodontite.
E é isso que foi alvo desta revisão de 36 ensaios clínicos randomizados publicados entre 2009 e 2021, nos quais foi avaliada a eficácia da terapia probiótica no controle de problemas de saúde bucal.
A cepa probiótica mais estudada foi uma combinação de duas cepas de Lactobacillus reuteri, utilizada em 17 dos 36 ensaios clínicos randomizados avaliados. Os probióticos foram administrados em doses variando de 108 a 109 unidades formadoras de colônias e usados por 3 a 12 semanas na forma de comprimidos, iogurte ou creme dental.
Resultados tratamento da gengivite e periodontite
Nos tratamentos de inflamação gengival
Em vários estudos, descobriu-se que os probióticos reduzem significativamente a inflamação gengival em conjunto com o controle eficaz da placa dentária, mas apenas efeitos moderados foram relatados em outros.
No entanto, em estudos controlados randomizados usando o mesmo probiótico L. reuteri em pessoas com má higiene dental e sintomas clínicos de gengivite crônica, o uso de probióticos levou a reduções significativas na inflamação gengival, apesar de pouca ou nenhuma melhora na gengivite.
Nos tratamentos de periodontite
Os resultados dos testes de periodontite não são tão consistentes ou uniformes; alguns estudos não identificaram benefícios adicionais.
Embora a maioria dos ensaios controlados randomizados usando probióticos L. reuteri e incorporando medidas mecânicas de profilaxia oral relataram melhorias significativas no fechamento da bolsa e redução da inflamação periodontal em comparação com o placebo.
Além disso, o uso de Bifidobacterium lactis HN019 produziu benefícios significativos na redução da inflamação periodontal e melhor fechamento da bolsa.
Por outro lado, a ingestão de pellets probióticos de 12 semanas contendo Lactobacillus plantarum L-137 aquecido teve uma melhora na resposta imune induzida por células auxiliares Th1 e também ajudou a reduzir a profundidade da bolsa residual em pacientes com recuperação periodontal.
Conclusão
Apesar dos resultados, os autores concluem que certas questões sobre o uso de probióticos no tratamento da gengivite e periodontite permanecem sem resposta.
Além disso, acrescentam, faltam diretrizes baseadas em amplo consenso que especifiquem a seleção do probiótico adequado, a dose e a duração da administração.
E, finalmente, afirmam que os ensaios clínicos randomizados que investigam os benefícios do uso de probióticos na clínica odontológica podem agregar um elemento valioso às opções terapêuticas disponíveis.
Em resumo, as perspectivas são ótimas, mas há muito o que se pesquisar para se chegar ao ponto de desenvolver protocolos de tratamento baseados em lactobacilos para doenças bucais.
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Fontes: Probiotics in the Management of Gingivitis and Periodontitis. A Review, Cómo se podrían utilizar los probióticos en el tratamiento de la gingivitis y la periodontitis?, El microbioma oral como paradigma en la investigación odontológica, Lactobacillus Reuteri Prodentis, Probiotic for Maintenance of Healthy Gums