Surpreendente: bactérias da boca tem relação com o câncer de cólon
Já é praticamente um consenso científico dos riscos que certas bactérias da boca e uma má saúde bucal podem trazer para a saúde do corpo . A novidade mais recente é descoberta que cerca de 33% dos cânceres de colorretais estão associados à Fusobacterium nucleatum .
Em um estudo recente, pesquisadores da Escola de Odontologia de Columbia, Nova Iorque fizeram uma importante descoberta. Determinaram como o F. nucleatum , uma das bactérias da boca , pode acelerar o crescimento do câncer colorretal. Já foi tema em um post anterior do blog Dentalis a relação de uma bactéria da boca com o Mal de Alzheimer.
O que são as Fusubacterium, do grupo das bactérias da boca
São bactérias da boca anaeróbias com formato fusiforme. Além da boca, também são encontradas nos tratos gastrintestinal, genital e respiratório superior.
Dentre as bactérias da boca, a Fusobacterium nucleatum é a mais comum.
Origem
A Fusobacterium coexiste com a Actinomyces. Ambas são bactérias da boca muito comuns . Atuam no processo de digestão dos alimentos . Sua ação resulta na produção de substâncias voláteis e de odor desagradável.
A proliferação dessas bactérias é a causa principal da halitose .
A má higiene bucal é a geradora do acúmulo de restos alimentares na boca. Esses detritos servem de alimento para essas bactérias. A consequência é o mau hálito .
Condições que favorecem o acúmulo de restos alimentares na cavidade oral
- Má higiene bucal;
- Gengivite crônica;
- Xerostomia (boca seca);
- Respiração oral devido à obstrução nasal (rinite, sinusite, etc);
- Amigdalite crônica (acúmulo de restos alimentares nas criptas amigdalianas).
Câncer de cólon
É a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer nos EUA.
Há muito é conhecido que mutações genéticas são as responsáveis pelo desenvolvimento do câncer. Um desenvolvimento muitas das vezes lento que pode levar até 10 anos.
Outros fatores, como agentes microbianos também contribuem para o processo.
A pesquisa e o processo cancerígeno
No estudo, os pesquisadores descobriram que as células do cólon não cancerosas não possuem uma proteína chamada anexina A1 . Essa proteína estimula o crescimento do câncer .
A bactéria F. nucleatum , aquela do grupo de bactérias da boca, age aumentando a produção de anexina A1 . Também atrai mais bactérias para a região.
Foi verificado que a inativação da anexina A1 , impede a ligação da F. nucleatum às células cancerígenas . Isso retarda o seu crescimento . Os pesquisadores identificaram um feedback positivo que piora a progressão do câncer.
Fatores predisponentes ao câncer colorretal
Em primeiro lugar, as mutações genéticas. Em seguida, surge a F. nucleatum como fator predisponente. Ela age acelerando a via de sinalização do câncer e amplificando o crescimento do tumor.
Metodologia
Foram analisados dados de 466 pacientes com câncer de cólon primário. Aqueles com aumento da expressão de anexina A1 tiveram pior diagnóstico. Isso independente do grau e estágio do câncer, ou de sua idade ou gênero.
Objetivo dos cientistas
Os resultados dessa pesquisa foram apresentados recentemente à comunidade científica. A partir de agora os cientistas irão buscar meios para transformar a anexina A1 em um biomarcador para cânceres mais agressivos . Essa pesquisa também fornecerá subsídios para o tratamento do câncer de cólon e outros mais.
O que o dentista pode fazer
O tratamento da halitose é uma das formas de se diminuir a população do agente Fusobacterium nucleatum. Dentre as bactérias da boca, é uma das principais responsáveis por essa condição.
Para o caso de doenças periodontais, a raspagem e alisamento radicular combinados com procedimentos cirúrgicos são o melhor caminho.
Já para pacientes com amigdalites crônicas, o encaminhamento a um especialista.
Opções de tratamento
Para o tratamento de doenças devidas a microrganismos, frequentemente são utilizados antimicrobianos, que podem ser antibióticos e quimioterápicos.
Os termos quimioterápico e antibiótico atualmente são usados como sinônimos. Tanto antibióticos como quimioterápicos são moléculas químicas que interferem em alguma via metabólica de um microrganismo ou célula alvo.
A diferença básica entre eles está em sua origem: o antibiótico é quase sempre de origem biológica (embora alguns antibióticos possam atualmente ser sintetizados em laboratório) e o quimioterápico é de origem química .
O fármaco antimicrobiano ideal do ponto de vista da terapêutica deve exibir, dentre outras características, toxicidade seletiva. Em muitos casos a seletividade é mais relativa do que absoluta, sendo o antimicrobiano capaz de lesar o agente em concentrações que não lesam o hospedeiro. Esse fármaco ideal deve apresentar também uma posologia que possibilite uma fácil adesão ao tratamento por parte do paciente, e não deve induzir resistência rapidamente .
Antimicrobianos – mecanismos de ação
A toxicidade seletiva depende, em geral, da inibição de processos bioquímicos que são essenciais ao parasita, mas não ao paciente.
Seguem alguns exemplos de mecanismos de ação de alguns antimicrobianos:
- Inibição da síntese da parede celular (Bacitracina, Cefalosporinas, Ciclosserina, Penicilinas, Vancomicina)
- Alteração da permeabilidade da membrana celular ou do transporte ativo através da membrana celular (Anfotericina B, Azóis, Polienos, Polimixinas).
- Inibição da síntese de proteína (isto é, inibição da tradução e transcrição do material genético): Aminoglicosídeos, Tetraciclinas, Macrolídeos, Cloranfenicol e Lincosaminas.
- Inibição da síntese de ácido nucleico (Quinolonas, Pirimetamina, Rifampicina, Sulfonamidas, Trimetoprima).
Agentes bacteriostáticos e bactericidas
Bacteriostático é um fármaco que inibe temporariamente o crescimento de determinado microrganismo. O sucesso terapêutico desses fármacos quase sempre depende da participação de mecanismos de defesa do hospedeiro.
Um bacteriostático quando retirado possibilita a retomada do crescimento do microrganismo, podendo ocorrer reinfecção ou recidiva da doença. As tetraciclinas e as sulfonamidas (Sulfametoxazol) são bacteriostáticos típicos.
Bactericida são fármacos que provocam a morte do microrganismo. Os b-lactâmicos ( penicilinas, cefalosporinas) e os aminoglicosídeos são bactericidas típicos.
Quando há uma infecção que não pode ser controlada ou erradicada pelo sistema imunológico do paciente faz-se necessário o uso de fármacos bactericidas. Nesses casos o uso de um bacteriostático pode implicar em recidiva da doença assim que o antimicrobiano é retirado.
Importante salientar que bactericida e de bacteriostático são conceitos relativos . Um fármaco bacteriostático pode ser bactericida em alguns casos, como por exemplo se for usado por longo período de tempo. Fármacos bactericidas podem não ser capazes de eliminar certas populações microbianas.
Fontes: EMBOpress , microbiologia
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