Alergia à penicilina e os riscos de falhas em implantes dentários
A imensa maioria dos procedimentos de implantes dentários são bem-sucedidos. Porém, infecções relacionadas podem aumentar o risco de falhas.
Os antibióticos podem manter esse risco sob controle, sendo a classe das penicilinas os fármacos de primeira escolha.
Uma nova pesquisa traz um importante alerta, e isso tem a ver com a presumível alergia à penicilina relatada por alguns pacientes. É quando o dentista pode prescrever um antimicrobiano de uma classe diferente.
A opção por um antibiótico alternativo pode dobrar o risco de falha do implante. É o que alerta essa pesquisa.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas acompanharam mais de 800 voluntários. Foi observada falha nos implantes de 8,4% dos pacientes em tratamento com penicilina. Já aqueles que receberam um antibiótico alternativo o risco de falha se elevou para 17%.
Implantes têm baixa taxa de falhas
“Os implantes dentários falham a uma taxa muito baixa“, afirmou a principal autora do estudo, Dra. Zahra Bagheri.
Ela é professora assistente clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York.
Segundo a Dra. Zahra “a falha pode ocorrer quando o corpo interpreta o implante como um corpo estranho e reage para se livrar dele.”
Para evitar a rejeição a Dra Zahra recomenda o uso da Amoxicilina. Segundo ela “a Amoxicilina é eficaz contra a maioria das bactérias que causam infecção na boca“.
Alergia à penicilina e a necessidade de confirmação
Pacientes com histórico de reações alérgicas graves às penicilinas podem apresentar reações físicas potencialmente fatais.
Nos Estados Unidos, cerca de 1 em cada 10 pacientes relata ser alérgico as penicilinas.
No entanto, pesquisas anteriores sugerem que apenas cerca de 1% dos americanos realmente apresentam uma alergia real à penicilina.
Por que a discrepância? Por um lado, quase metade dos pacientes diagnosticados com alergia infantil à penicilina “o risco cresce com o avanço da idade”, afirma Bagheri.
Reações relativamente menores e até comuns à penicilina, no entanto, são muitas vezes mal interpretadas como um sinal de alergia.
Bagheri deu o exemplo de “um paciente que sente náuseas após tomar penicilina [e] pode expressar ao médico que é alérgico, sem ter feito um teste e sem a confirmação de que a reação foi decorrente de uma alergia ou não“.
Muitos dentistas aceitam a palavra do paciente e buscam medicamentos alternativos, disse Bagheri.
O estudo
A cirurgia de implante dentário restaura um dente ou dentes perdidos com um dispositivo artificial. O procedimento pode ser demorado e caro, e anda mais oneroso quando ocorre uma falha e procedimentos cirúrgicos adicionais são necessários.
Para ver se o antibiótico administrado a pacientes com implantes dentários afeta a taxa de falha, a equipe de Bagheri se concentrou em 838 pacientes. Pouco mais da metade (434) afirmou ser alérgico à penicilina.
Nenhum foi submetido a testes para confirmar a alergia relatada. Em vez disso, todos receberam um antibiótico diferente. As opções alternativas incluíram clindamicina, azitromicina, ciprofloxacino e metronidazol.
Em contraste, todos os pacientes do grupo não alérgico receberam amoxicilina.
Taxa de sucesso
Os implantes dentários obtiveram sucesso em cerca de 92% dos pacientes que receberam amoxicilina.
A taxa de sucesso caiu para cerca de 80% entre aqueles que receberam clindamicina. E caiu para menos de 70% entre os que receberam azitromicina. Quando calculada a média entre todas as opções de antibióticos diferentes das penicilinas, a taxa de sucesso ficou em torno de 83%.
Falha no transplante foi observada no período de até seis meses após o procedimento para os pacientes do grupo alérgico. Já para aqueles não alérgicos esse período se elevou para mais de um ano.
“Neste estágio, não sabemos se a falha se deve ao fato de os pacientes serem incapazes de tomar penicilina, e assim serem mais propensos a infecções, ou se há algo mais em jogo”, disse Bagheri. “Estudos futuros poderão ajudar a esclarecer ainda mais essa relação”.
A pesquisadora sugeriu que os pacientes que suspeitem de alergia à penicilina realizem testes alérgicos confirmatórios.
“Nosso estudo sugere que, se o paciente não for realmente alérgico à penicilina, ele pode se beneficiar de tomar a medicação [mais] eficaz para reduzir o risco de falha do implante”, explicou Bagheri.
Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista Clinical Implant Dentistry and Related Research.
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Fontes: Dental implant failure rates in patients with self-reported allergy to penicillin