Aspartame pode causar câncer?
O aspartame, adoçante artificial, foi recentemente classificado como potencialmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa contra o Câncer(IARC).
Embora isso signifique que o aspartame possa causar câncer em humanos, a classificação do Grupo 2B do IARC significa que a evidência é “limitada”.
Um resumo da avaliação do grupo de trabalho, também publicado no Lancet Oncology, explica que a classificação foi baseada em dados de três estudos avaliando a ligação entre a ingestão de aspartame e o câncer hepático primário.
Aspartame — existe uma quantidade segura que pode ser consumida?
Usando essas evidências, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização para Agricultura e Alimentação (JECFA) confirmaram sua posição existente sobre a segurança no consumo de aspartame.
Esse limite estabelecido é de até 40 mg por kg de peso corporal por dia — a quantidade encontrada em 9 a 14 refrigerantes diet — é segura.
A decisão, antecipada pela Reuters no final de junho, atraiu elogios de uma série de especialistas que avaliaram os resultados do estudo por meio do Science Media Centre, com sede no Reino Unido.
Muitos enfatizaram a falta de dados que mostrassem uma relação causal entre o adoçante artificial de baixa caloria e buscaram moderar qualquer alarmismo relacionado à decisão.
“Em suma, a evidência de que o aspartame causa câncer primário de fígado, ou qualquer outro câncer em humanos, é muito fraca”, disse Paul Pharoah, MD, PhD, professor de epidemiologia do câncer no Cedars-Sinai Medical Center, Los Angeles, Califórnia.
“O Grupo 2B é uma classificação muito conservadora, pois quase qualquer evidência de carcinogenicidade, por mais falha que seja, colocará um produto químico nessa categoria ou acima”.
Outros exemplos de substâncias classificadas como Grupo 2B são o extrato de aloé vera, óleo diesel e ácido cafeico encontrados no café e no chá, explicou Pharoah, acrescentando que “[isso] se reflete na visão do [JECFA] que concluiu que não, não havia nenhuma evidência convincente de dados experimentais em animais ou humanos de que o aspartame tem efeitos adversos após a ingestão.”
“As pessoas não devem se preocupar com o risco de câncer associado a uma substância química classificada como Grupo 2B pela IARC“, enfatizou.
Incertezas
Alan Boobis, OBE, PhD, também observou que a classificação do Grupo 2B “reflete uma falta de confiança de que os dados de experimentos em animais ou em humanos sejam suficientemente convincentes para chegar a uma conclusão clara de que o aspartame é cancerígeno”.
“Portanto, não se prevê que a exposição aos níveis atuais tenha efeitos prejudiciais”, acrescentou Boobis, professor emérito de toxicologia do Imperial College London, na Inglaterra.
A opinião do IARC/JECFA é “muito bem-vinda” e “acaba com a especulação sobre a segurança do aspartame”, acrescentou Gunter Kuhnle, professor de nutrição e ciência alimentar da Universidade de Reading, na Inglaterra.
“É lamentável que o vazamento de algumas informações possa ter criado incerteza e preocupação desnecessárias, pois os consumidores podem ficar preocupados com razão se souberem que algo que está em muitos alimentos pode causar câncer”, disse Kuhnle. “A opinião publicada coloca isso em perspectiva e deixa bem claro que não há motivo para preocupação quando consumido nas quantidades atuais”.
Dados revisados de três estudos
Os dados revisados pelo Grupo de Trabalho da IARC incluíram três estudos, compreendendo quatro coortes prospectivas, que “avaliaram a associação do consumo de bebidas adoçadas artificialmente com o risco de câncer de fígado”, relatou o grupo no The Lancet.
Os estudos de coorte — incluíram um conduzido em 10 países europeus, um que reuniu dados de duas grandes coortes dos EUA e um estudo prospectivo também realizado nos EUA.
Cada um desses estudos “mostrou associações positivas entre o consumo de bebidas adoçadas artificialmente e a incidência ou mortalidade por câncer” na população geral do estudo ou em subgrupos relevantes.
Embora os estudos fossem de “alta qualidade e controlados para muitos fatores de confusão em potencial”, o Grupo de Trabalho concluiu que “acaso, viés ou confusão não podem ser descartados com razoável confiança”. Assim, a evidência de câncer em humanos foi considerada “limitada” para o carcinoma hepatocelular e “inadequada” para outros tipos de câncer”, explicou o grupo.
Posicionamento do INCA
O Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão auxiliar do Ministério da Saúde, recomendou que seja evitado o consumo de adoçantes artificiais após a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter incluído o aspartame na classificação de produtos “possivelmente cancerígenos”.
Em nota divulgada à imprensa, o órgão recomendou a limitação a consumo de alimentos ultra processados e considerou também evidências científicas que não apontam que o aspartame tenha efetividade comprovada para o controle da obesidade. A substância pode, inclusive, “contribuir para o excesso de peso corporal”.
“O Inca aconselha à população geral evitar o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial e adotar uma alimentação saudável, ou seja, baseada em alimentos in natura e minimamente processados e limitada em alimentos ultraprocessados”, afirma o Inca.
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Fontes: Carcinogenicity of aspartame, methyleugenol, and isoeugenol, WHO Declares Aspartame a Possible Carcinogen,INCA, CNN