Câncer de boca e a COVID-19

O impacto da COVID-19 sobre o câncer bucal

A organização inglesa Dental Defense Society alerta sobre como a pandemia de COVID-19 impactou a detecção do câncer bucal e o que os dentistas podem fazer para melhorar a detecção de novos casos.

Os diagnósticos para câncer oral caíram drasticamente desde o início da pandemia

Atualmente vem aumentando, assim como também o temor de que muitos casos não tenham sido diagnosticados devido à interrupção das visitas rotineiras dos pacientes ao consultório odontológico.

Oportunidades perdidas de detecção precoce significam que milhares de pacientes eventualmente apresentarão doença em estágio avançado e prognóstico clínico ruim. Eles também exigirão tratamentos agressivos e complexos que diminuem sua qualidade e expectativa de vida

Além, é claro, da consequente sobrecarrega do sistema de saúde.

Agora, mais do que nunca, os dentistas têm de priorizar a prevenção, detecção precoce e encaminhamento rápido dos casos de pacientes com câncer de boca.

Os dentistas podem desempenhar um papel vital na mitigação do impacto contínuo da pandemia nos resultados desse câncer por meio da realização de exames em todas as oportunidades, reconhecendo quando um paciente apresenta sinais e sintomas e aumentando a conscientização para os primeiros sintomas da doença.

Aumento dos casos de câncer oral no Reino Unido

Números recentes sobre o câncer bucal no Reino Unido se alinham com a tendência global.

Eles mostram um aumento alarmante na incidência e mortalidade.

O State of Mouth Cancer Report 2020/21 relata que no ano passado 8722 pessoas foram diagnosticadas com câncer de boca. E 2702 pessoas morreram da doença. Isso representa um aumento de 58% e 48%, respectivamente, em relação a uma década atrás.

A detecção precoce e o encaminhamento rápido para tratamento fazem uma grande diferença para pacientes com câncer oral. Representa uma taxa de sobrevivência de 50% para 90%.

Mas mesmo antes da pandemia, a maioria dos pacientes vinha sendo diagnosticada tardiamente

Por consequência, acabam tendo de se submeter a tratamentos agressivos com prognósticos clínicos ruins.

Por que os resultados são tão ruins?

Os pacientes muitas vezes desconhecem o câncer oral e seus sintomas. Então, eles acabam procurando ajuda tardiamente.

Os médicos não realizam exames bucais e de tecidos moles nos atendimentos de rotina

E muitos pacientes não vão às consultas odontológicas regulares, seja por escolha ou devido ao acesso limitado.

Impacto da COVID-19  sobre o câncer oral

A  pandemia de COVID-19 só piorou a situação ao provocar a interrupção dos atendimentos odontológicos de rotina.

Embora os dentistas se concentrem em tratamentos urgentes, os sinais e sintomas do câncer oral podem passar despercebidos

De acordo com um dos maiores NHS Trusts da Inglaterra, novos diagnósticos caíram 65%  após o início da pandemia. Isso sugere que  milhares de pacientes vivem com câncer oral não diagnosticado. Dessa forma estão sendo perdidas oportunidades de detecção e tratamento precoces.

Como se pode prever a pandemia também pode ter um impacto de longo prazo na incidência do câncer oral.

Durante o período de restrições, algumas pessoas se engajaram com mais frequência em comportamentos que são fatores de risco conhecidos. Como fumar e beber em excesso

Também se observou diminuição da vacinação contra o papilomavírus humano, outro fator de risco importante.

Os dentistas têm um papel vital na melhoria dos resultados de detecção do câncer de boca

É necessário um grande esforço para conter o aumento dos casos de câncer bucal e melhorar os prognósticos clínicos dos pacientes.

As equipes de odontologia desempenharão um papel de liderança, fornecendo:

  • Exames intra e extra orais em todas as oportunidades. Durante os exames gerais de rotina e consultas de tratamento. Possibilitar acesso rápido a um exame bucal para pacientes com suspeita de lesões encaminhados por outros profissionais de saúde, como farmacêuticos, por exemplo.

   

  • Encaminhar urgentemente pacientes com suspeitas de lesões para cuidados secundários com médicos especialistas.
  • Educação do paciente. Conscientizar seus pacientes sobre o câncer bucal, os fatores de risco associados, os sinais, sintomas e a importância da detecção precoce.
  • Disponibilizar informações aos pacientes através de sites, recursos impressos e outras comunicações

Orientar sobre a realização do autoexame. Apoiar os pacientes para que se examinem em busca de sinais precoces de câncer oral. Fornecer informações sobre como fazer isso e os sintomas a serem observados. Enfatizar a importância de relatar os sintomas precocemente. Aqui no blog Dentalis temos um post que pode ser utilizado pelos pacientes como um guia para realização do autoexame.

  • Estimular seus pacientes elegíveis a receber a vacina contra o HP.

Os dentistas devem permanecer vigilantes e atualizado

Para garantir o melhor atendimento aos pacientes com câncer bucal, é vital que os dentistas permaneçam vigilantes na verificação e encaminhamento conforme as diretrizes clínicas.

É importante também manter registros detalhados, incluindo resultados positivos e negativos de exames intra e extra-orais.
Os dentistas devem manter um conhecimento atualizado sobre o câncer bucal e como detectá-lo.

Instituto Nacional do Câncer (INCA) conta com informações atualizadas e ferramentas de apoio sobre o tema, inclusive para divulgação em redes sociais.

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Fontes: COVID-19 and Cancer – Information for PatientsThe State of Mouth CancerOral cancer: A ticking time bomb?Human Papillomavirus Vaccination After COVID-19 Human Papillomavirus Vaccination After COVID-19 , INCAOral Cancer & COVID

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