Cáries dentárias e a periodontite tem origem genética?
Cáries dentárias e a periodontite estão entre as doenças bucais mais corriqueiras.
Um estudo recente destaca a importância que fatores hereditários como obesidade, educação e personalidade podem ter sobre o desenvolvimento de cáries dentárias e a periodontite. Essa pesquisa foi realizada por uma equipe internacional, incluindo pesquisadores da Universidade de Bristol.
Ingegerd Johansson, do Institute of Odontology da Umeå University , na Suécia, liderou a pesquisa.
O estudo deixa claro que os dentes são parte integrante do corpo e se relacionam com o restante do organismo . Há um reforço da hipótese de que existe uma relação causal entre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares e as cáries dentárias .
Neste artigo publicado aqui no blog Dentalis já apresentamos uma outra matéria que traz evidências da relação entre periodontite e doenças cardiovasculares.
Cáries dentárias e a periodontite
Como explicar que indivíduos que consomem os mesmos alimentos e têm as mesmas práticas de higiene dental possam ter um número bem diferente de cáries.
Pesquisas passadas sobre o mesmo assunto asseguram que vários genes poderiam estar envolvidos, mas sem uma confirmação clara.
Cáries dentárias e a periodontite apresentam perfil de doenças complexas .
Como tal, são necessários estudos mais aprofundados para que hipóteses sejam testas e conclusões mais embasadas possam ser obtidas.
O estudo aqui apresentado se baseou na análise de dados de meta-análise publicado pela Nature Communicarions.
Meta-análise
Meta-análise é uma técnica estatística usada para combinar dados de múltiplos estudos sobre um assunto específico.
A meta-análise tem um papel fundamental nos cuidados de saúde baseada em evidências.
A meta-análise ocupa o topo da pirâmide em termos de nível de evidência em saúde.
A meta-análise é considerada o mais alto nível de evidência em cuidados de saúde .
Por que devemos confiar mais em estudos de meta-análise?
Para tomar uma decisão válida sobre um determinado procedimento não devemos confiar em resultados obtidos de estudos isolados. Isso porque os resultados podem variar de um estudo para outro por vários motivos. Dentre as razões, as condições ambientais diversas e a qualidade das amostras utilizadas nos experimentos.
Combinando estudos isolados, e desta forma usando mais dados, a precisão e a acurácia dos resultados podem ser aumentadas .
Além disso, se os estudos isolados forem de baixo poder estatístico, combiná-los em uma meta-análise pode aumentar o poder estatístico global para detectar um efeito .
A pesquisa
Esse estudo de meta-análise combinou dados de nove estudos clínicos internacionais com 62.000 participantes . Além disso, foram incluídos dados sobre a saúde dentária informada por voluntários no Biobank do Reino Unido.
No total foram incluídos 461.000 participantes , tornando-se o maior estudo do gênero. A análise envolveu a varredura de milhões de pontos estratégicos no genoma para encontrar genes relacionados a doenças dentárias.
Os pesquisadores foram capazes de identificar 47 novos genes relacionados à cárie dentária . O estudo também confirmou que um gene imunológico previamente conhecido mostra relação com a periodontite . Um importante reforço na hipótese da existência de uma ligação entre a genética do indivíduo e a maior predisposição para cáries dentárias e a periodontite.
Entre os genes que poderiam estar ligados à cárie dentária estão aqueles que ajudam a formar os dentes e os maxilares. E também aqueles com funções protetoras na saliva e aqueles que afetam as bactérias encontradas nos dentes.
O estudo buscou correlacionar a genética a fatores ligados à saúde cardiovascular e metabólica. Fatores como tabagismo, obesidade, educação e personalidade. Isso com o objetivo de buscar compreender a existência de ligações com a saúde bucal. Utilizou-se no estudo uma técnica de randomização denominada mendeliana. Descobriu-se mais de uma correlação, mas também um relação de causa e efeito entre a cárie dentária e alguns fatores de risco cardiovascular e metabólicos .
Futuramente estudos como este servirão de base na identificação de pessoas com maiores riscos para o desenvolvimento de problemas dentários.
Porém, independente de quais sejam os genes que as pessoas carreguem em seu genoma, boa higiene oral e dieta são as mais importantes armas na prevenção das cáries dentárias e periodontite .
Doenças genéticas e a odontologia
Existem doenças genéticas que possuem elevada incidência populacional. Dentre essas estão problemas no desenvolvimento do osso maxilar, lábio leporino e complicações relacionadas aos genes responsáveis pela formação do esmalte dentário. Como no caso da amelogênese imperfeita, por exemplo.
Amelogênese imperfeita
Amelogênese imperfeita é uma alteração de caráter hereditário que afeta o esmalte dentário dos dentes temporários e permanentes. Não estão presentes manifestações sistêmicas.
A transmissão do gene pode acontecer de forma autossômica dominante, autossômica recessiva ou estar relacionada ao cromossoma X.
A origem genética da anomalia pode ser resultado de defeitos nas proteínas da matriz do esmalte. Pode provocar, como consequência, sensibilidade dentária, perda da dimensão vertical e comprometimento a nível estético .
O esmalte dentário é afetado com alta variabilidade, desde deficiência na formação do esmalte até defeitos no conteúdo mineral e proteico.
Conforme o grau de severidade da afetação do esmalte, os tratamentos envolvem múltiplas extrações dentárias, restaurações estéticas e próteses removíveis ou fixas.
O planejamento e a escolha da melhor alternativa de tratamento dependem do nível sócio econômico, da idade do paciente, e da gravidade da anomalia estrutural.
Lábios leporinos
A incidência é maior nos bebês recém-nascidos de mulheres acima dos 40 anos .
O tratamento pode ser feito ainda na primeira infância, através de cirurgia .
Nos quadros de atrofia do osso maxilar (hipoplasia maxilar), o problema tem relação com outros tipos mais graves de síndromes. Isso torna o tratamento estético muito mais difícil.
A hipoplasia ocorre devido a perda do cromossomo X.
Agenesia dentária e hipodontia
A agenesia dentária é a malformação congênita craniofacial mais prevalente em humanos.
A agenesia dentária pode estar associada a várias síndromes. Já a hipodontia não-sindrômica refere-se à ausência congênita de alguns dentes na ausência de qualquer outra deformidade.
Avanços recentes em genética molecular tornaram possível identificar os genes exatos responsáveis pelo desenvolvimento dos dentes e rastrear as mutações que causam a hipodontia.
Fontes: Nature , Medicalpress , Students4bestevidence , FGM , Colgate , Dentistry Guide
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