Distúrbios metabólicos e o mau hálito

Distúrbios do metabolismo e o mau hálito

O metabolismo é o processo corporal essencial de criação de energia a partir dos alimentos.

Os alimentos contém nutrientes que substâncias responsáveis pelas reações metabólicas do sistema digestivo decompõem em açúcares e ácidos transformando em energia para o nosso corpo.

Distúrbios metabólicos interrompem essas reações químicas naturais.

Por exemplo, alguns distúrbios metabólicos afetam a quebra de aminoácidos, enquanto outros afetam a de carboidratos ou gorduras.

Portanto, uma pessoa com um distúrbio metabólico pode ter muito ou pouco de certas substâncias.

Esse desequilíbrio pode fazer com que substâncias específicas se acumulem nos fluidos corporais, levando ao mau hálito ou halitose.

Este artigo analisa os principais distúrbios metabólicos que causam o mau hálito e o que fazer diante dessas condições.

O que provoca o mau hálito?

Até 90% dos indivíduos com mau hálito persistente tem como causa problemas de origem oral e envolve má higiene dental, e por consequência à doença gengival.

Quando alguém não limpa os dentes adequadamente, as bactérias quebram quaisquer partículas de alimentos na boca e produzem compostos sulfurosos com cheiro desagradável.

Além disso, as bactérias criam uma película pegajosa de bactérias chamada placa.

A placa pode se espalhar e crescer abaixo da linha da gengiva.

As toxinas que as bactérias produzem irritam as gengivas, causam inflamação, levando à degradação dos tecidos da gengiva, contribuindo para o mau hálito.

Outras causas para a origem do mau hálito são:

  • Doenças respiratórias;
  • Infecções do trato respiratório superior;
  • Fibrose cística;
  • Leucemia;
  • Úlceras gástricas;
  • Hérnia de hiato;
  • Menstruação;
  • Uso de certos medicamentos;
  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Distúrbios metabólicos.

Distúrbios metabólicos e o mau hálito

São distúrbios metabólicos causadores de mau hálito:

  • Trimetilaminúria (TMA);
  • Diabetes;
  • Doença renal crônica;
  • Doença hepática;
  • Fenilcetonúria (PKU);
  • Hipermetioninemia.

Esses distúrbios podem causar mau hálito devido a disfunções nos intestinos, sangue ou fígado.

Pessoas com halitose geralmente têm concentrações elevadas de ureia salivar e ácido úrico em comparação com aquelas sem o problema.

Trimetilaminuria (TMA)

Os especialistas também chamam síndrome do odor de peixe (TMA) porque faz com que o corpo libere um cheiro de peixe podre na urina, suor, respiração e fluidos reprodutivos.

Pessoas com TMA não podem quebrar o composto trimetilamina de certos alimentos. Em pessoas sem o distúrbio, o corpo oxida a trimetilamina em um metabólito inodoro chamado N-óxido de trimetilamina. Quando a trimetilamina se acumula, causa um odor.

A TMA ocorre em famílias com uma condição genética decorrente de uma falha no gene FM03.

Diabetes

Se um indivíduo é incapaz de controlar seu diabetes de forma eficaz, altos níveis de glicose pode favorecer o crescimento de bactérias nocivas.

Em combinação com os alimentos, essa associação produz uma película pegajosa chamada placa, que pode levar a doenças gengivais e mau hálito.

Além disso, como as pessoas com diabetes têm problemas com a insulina, as células podem não receber a glicose de que precisam para obter energia. Quando isso acontece, o corpo começa a queimar gordura, produzindo compostos chamados cetonas.

Estes podem acumular-se no sangue e na urina e causar mau hálito.

Uma dessas cetonas é a acetona, e pode causar hálito com cheiro semelhante ao de esmalte de unha.


Se uma pessoa com diabetes notar o cheiro, deve procurar assistência médica imediata, pois pode indicar 
cetoacidose diabética, uma condição potencialmente fatal.

CKD

Pessoas com insuficiência renal podem desenvolver mau hálito. À medida que os rins começam a falhar, eles não conseguem excretar eficientemente o metabólito ureia na urina, que se acumula no sangue e na saliva.

O corpo então converte a ureia em amônia, provocando um gosto amargo na boca e mau hálito.


Cerca de 
1 em cada 3 pessoas em diálise relatam que sua respiração tem um odor semelhante ao de urina.

Doença hepática

Um dos sintomas da doença hepática é a presença de compostos orgânicos voláteis na respiração.

Se o hálito de uma pessoa tem um cheiro forte e mofado, é um sinal de que o fígado não está filtrando substâncias tóxicas, indicando doença hepática.

Os médicos chamam esse cheiro distinto de “fetor hepaticus” ou “respiração dos mortos” por causa de sua associação com doença hepática grave e potencialmente fatal.

Fenilcetonúria (PKU)

A fenilcetonúria (PKU) é uma condição genética na qual o organismo se mostra incapaz de metabolizar (quebrar) o aminoácido fenilalanina.

É mais incidente em brancos do que em negros, judeus e japoneses.

O famoso teste do pezinho, obrigatório no Brasil, feito a partir do sangue coletado do calcanhar do bebê, permite a identificação de doenças graves, dentre elas a fenilcetonúria (PKU).

Como tratar e lidar com o mau hálito

Não existe uma opção universal para o tratamento e manejo do mau hálito.

Embora uma boa higiene oral possa ajudar temporariamente, não resolve o problema subjacente.

Portanto, o primeiro passo deve ser identificar e tratar a condição causadora do mau hálito.

Se os metabólitos forem os causadores do mau hálito, os pacientes podem controlar seus sintomas adotando as seguintes providências:

  • Reduzir a ingestão de alimentos que contribuem para o odor;
  • Evitar retardar os movimentos intestinais para minimizar a duração do metabolismo digestivo e a absorção de metabólitos;
  • Tratar a constipação, quando aplicável;
  • Utilizar de tratamentos probióticos e prebióticos para buscar alterar a composição bacteriana do intestino para uma que produza menos metabólitos;
  • Aumentar a ingestão de água para ajudar na excreção dos metabólitos na urina.

A abordagem exata depende de quais metabólitos estão causando o problema. No entanto, a higiene dental básica é a base do controle do mau hálito em todos os casos.

Quando procurar assistência profissional

Descartada com seu dentista a possibilidade de problemas de origem oral, o indivíduo deve procurar consultar um médico ao perceber que sua respiração apresenta um cheiro forte ou desagradável que não desaparece.

O médico pode descartar causas comuns, como infecção do trato urinário ou vaginose bacteriana.

Se eles não conseguirem identificar a causa, eles podem encaminhar a pessoa para um especialista que pode solicitar exames e traçar um diagnóstico.


Se uma pessoa com diabetes notar alterações na respiração, deve buscar atendimento médico com urgência, pois isso pode indicar 
cetoacidose diabética, uma condição grave.

Resumindo

Vários distúrbios metabólicos podem causar mau hálito. Dentre eles, o diabetes, doença renal crônica e doença hepática.

Certos distúrbios genéticos, incluindo TMA e hipermetioninemia, também podem ser causadores de mau hálito.

Essas condições podem fazer com que metabólitos se acumulem na saliva, levando ao mau hálito.

As abordagens de tratamento centram-se nas boas práticas de higiene oral e, se possível, no tratamento do problema subjacente.

As pessoas também podem evitar certos alimentos, beber mais água e usar tratamentos probióticos e prebióticos para reequilibrar suas bactérias intestinais (flora intestinal normal).

Qualquer pessoa com um problema crônico de mau hálito que não desapareça com as práticas de higiene padrão deve consultar um médico.


Um indivíduo com diabetes deve buscar assistência médica imediata ao perceber que sua respiração está desenvolvendo um cheiro semelhante à acetona. Esse odor pode indicar uma complicação grave do diabetes chamada 
cetoacidose diabética.

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Fontes: Exhaled breath analysis in hepatology: State-of-the-art and perspectivesHalitosis in Patients with End-Stage Chronic Kidney Disease Undergoing Chronic Dialysis TreatmentMicrobiota and Malodor—Etiology and ManagementCetoacidose diabéticaWhat is Halitosis? 

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