
A Ligação surpreendente entre saúde bucal e parto prematuro
A chegada de um bebê é um dos momentos mais mágicos da vida das futuras mamães e papais. Mas, para alguns casais, a ansiedade da espera pode se misturar com a preocupação com o parto prematuro. E aqui está um ponto importante que muitas vezes passa despercebido: a saúde bucal da mãe pode ter um papel muito mais importante do que imaginamos nesse processo.
É comum que, na busca por entender as causas da prematuridade, médicos e pais foquem em fatores clínicos como histórico de doenças, alimentação e estilo de vida da gestante. Mas, acredite, os dentes e as gengivas também têm muito a dizer nessa história. Pesquisas recentes revelaram que a periodontite, aquela infecção grave da gengiva que danifica o tecido mole e que pode destruir o osso que suporta os dentes, pode ser um sinal de alerta para o parto prematuro. Uma descoberta que, a meu ver, obriga a repensarmos como cuidamos da saúde da mulher durante a gravidez.
Prematuridade: um problema global
A prematuridade é um problema global que afeta milhões de bebês todos os anos. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 13,4 milhões de bebês nasceram antes do tempo. E as consequências são sérias: em 2019, as complicações da prematuridade levaram à morte cerca de 900 mil crianças. E mesmo aqueles que sobrevivem podem enfrentar dificuldades de aprendizagem, problemas de visão ou audição. É um cenário que parte o coração e que nos preocupa, e que nos leva a buscar ampliar as formas de prevenção.
Gengivas Inflamadas, bebês prematuros?
A periodontite, que causa sangramento, sensibilidade e, em casos mais graves, até perda de dentes, tem sido associada a diversas complicações na gravidez. E não é por acaso. Fatores como baixa renda, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, diabetes e hipertensão são vilões comuns tanto para saúde bucal quanto para gestação. Mas, apesar de estudos anteriores já terem apontado para essa conexão, faltava uma peça no quebra-cabeça: a avaliação específica da saúde bucal como preditor de parto prematuro.
“O que nosso estudo fez de diferente foi adicionar fatores dentários aos fatores de risco clínicos já conhecidos“, explicam os pesquisadores no artigo. E o resultado foi surpreendente. Eles analisaram dados de 60 mulheres que tiveram parto cesáreo, metade prematuro e metade no tempo certo. Além de fatores clássicos como IMC pré-gravidez, idade da mãe e pré-eclâmpsia, eles avaliaram cinco indicadores dentários: o Índice Gengival Modificado (que mede a saúde da gengiva), o estágio da periodontite e o índice de placa (que indica o acúmulo de bactérias na boca), entre outros.
A surpresa: a saúde bucal na linha de frente
Surpreendentemente a saúde gengival surgiu como o segundo fator de risco mais importante para a prematuridade! Sim, ela superou outros fatores bem conhecidos e temidos como diabetes e hipertensão durante a gravidez. Isso leva a crer que, talvez, estejamos subestimando a importância que uma boca saudável tem para o bem-estar geral da gestante.
É claro que o estudo tem suas limitações: a amostra foi pequena e não levou em conta fatores socioeconômicos. Mas os resultados são um enorme estímulo para avançarmos nos modelos de previsão de parto prematuro. Imagine se pudermos criar protocolos de rastreamento que incluam a saúde bucal da gestante? Imagine o impacto de um simples check-up odontológico na prevenção da prematuridade.
Da pesquisa para a realidade
A mensagem que este estudo nos traz é clara: não podemos ignorar a importância de um acompanhamento odontológico durante a gravidez. É preciso dar a atenção que a boca merece! O ideal seria que toda gestante passasse por um check-up completo para avaliar a saúde bucal e receber orientações específicas. Prevenir é sempre o melhor caminho e, nesse caso, pode fazer toda a diferença para o futuro da mãe e do bebê.
Para finalizar, os pesquisadores deixam um alerta que considero fundamental: “Pesquisas futuras devem validar esses preditores em populações maiores e buscar intervenções para mitigar esses fatores de risco.” Concordo plenamente. Precisamos, como profissionais de saúde e como sociedade, investir em estudos e políticas públicas que valorizem a saúde bucal como parte essencial da saúde da gestante. Afinal, o sorriso de uma mãe saudável é o melhor presente que um bebê pode receber.
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Fontes: Determinants of Spontaneous Preterm Labor and Birth Including Gastroesophageal Reflux Disease and Periodontitis, The Impact of Periodontal Disease on Preterm Birth and Preeclampsia