O crescimento de casos de câncer bucal é preocupante

Listado entre os dez tumores mais comuns do Brasil, o câncer de boca, bem como seus sintomas, causas e tratamentos, ainda é desconhecido por boa parte da população.

Este fato pode ser evidenciado ao se constatar que uma expressiva parte dos diagnósticos ainda acontece de forma tardia, o que diminui de maneira expressiva as chances de cura.

De acordo com levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) somente neste ano de 2018 as projeções indicam que 15.490 pessoas serão vítimas da doença, sendo 11.140 homens e 4.350 mulheres.

Esses números colocam o Brasil na inglória terceira colocação entre os países com maior incidência de câncer oral no mundo, atrás somente da Índia e da República Checa.

A cada duas horas um brasileiro morre por causa da doença. O período de tempo transcorrido em uma partida de futebol ou em uma sessão de cinema no domingo, por exemplo, representa mais uma vida perdida, o que poderia ser evitado com medidas ao acesso de todos e bem simples.

Por que o Brasil é terceiro no mundo em número de casos?

Uma das respostas está no uso de álcool e tabaco, que, mesmo caindo, como um dos maiores causadores da enfermidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer oral são fumantes. Além disso, quando o fumo e o álcool estão associados, as possibilidades de desenvolvimento da doença aumentam em incríveis 30 vezes.

População de maior risco

Homens acima dos 50 anos compõem a maior parte dos acometidos pelo problema. No entanto, o cenário está mudando. Cada vez mais jovens de até 40 anos estão apresentando a doença e um dos principais motivos é o papiloma vírus humano, mais conhecido como HPV.

Transmitido durante as práticas sexuais sem proteção, o vírus tem o potencial de acelerar o tempo de desenvolvimento desse tumor. Um estudo produzido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que há vinte anos o HPV representava 25% dos casos de câncer de amígdala. Atualmente, o número registrado é de impressionantes 80%.

Prevenção é tudo

A maior medida para diminuir o número de vítimas está na prevenção, que pode ser feita inclusive em casa. O câncer oral tem cura e, assim como o câncer de mama, pode ser facilmente identificado por meio do autoexame — neste caso, com a ajuda de um espelho.

Analisar a boca periodicamente, observar o aspecto da língua e de toda a cavidade oral (lábios, mandíbula, gengiva, glândulas salivares e garganta) deve se tornar hábito. O surgimento de feridas e lesões que chegam a levar mais de duas semanas para desaparecerem são o sinal de alerta, assim como sangramentos, caroços, mudanças na coloração ou dor.

Sinais indicativos e diagnóstico pelo dentista

Entre os sintomas do câncer oral estão também nódulos persistentes nas bochechas, irritação ou sensação constante de algo entalado na garganta, inchaço na mandíbula, dificuldade para engolir, mau hálito, dor para mastigar ou mover a língua, dentes frouxos na gengiva e até mesmo mudanças na voz e perda de peso. São sinais facilmente identificáveis não só pelo paciente, mas também pelas pessoas com quem ele convive. É importante ressaltar que o autoexame não substitui as visitas regulares aos dentistas, o profissional mais habilitado e fundamental para o diagnóstico precoce.

É o dentista aquele profissional responsável pelo encaminhamento de casos suspeitos para a confirmação e o posterior tratamento do câncer de boca e pelas orientações iniciais ao paciente. A localização e o estágio tumor determinam as medidas mais adequadas, que geralmente são cirurgia e/ ou rádio e quimioterapia. Quando a doença é diagnosticada no início e tratada de maneira adequada, 80% dos casos podem ser curados.

Fica claro diante desse cenário que a grande questão em torno do câncer de boca é a prevenção. Para fortalecer a rede de informações sobre o tema e orientar a população, foi criada a lei federal nº 13.320 de 2015, que estabelece a primeira semana de novembro como a Semana Nacional de Prevenção ao Câncer de Boca. A importância do período é inegável, mas é essencial que os hábitos para combater a doença e diminuir o número de vítimas façam parte do cotidiano da população.

Fonte: Dr. Claudio Miyake – presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)
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