Parkinson e bactérias intestinais: ligação confirmada
Cientistas acabam de confirmar uma ligação funcional entre as bactérias nos intestinos e a doença de Parkinson.
Há cerca de cinco anos, começou a ficar claro que o Parkinson poderia ter origem periférica e só depois migrar para o cérebro. Dois anos atrás, os dados começaram a indicar que a origem do Parkinson poderia estar no intestino.
Há poucas semanas descobriu-se que as bactérias do intestino não agem apenas como vilãs: na verdade, o intestino tem também um escudo de proteção contra Parkinson.
Agora acaba de ser comprovada uma conexão entre o intestino e o cérebro que pode ajudar a explicar como as mudanças na composição das populações bacterianas intestinais – ou possivelmente as próprias bactérias intestinais – contribuem ativamente ou podem até causar a deterioração das habilidades motoras que é a marca registrada desta doença.
Problemas gastrointestinais
“Notavelmente, 70% de todos os neurônios do sistema nervoso periférico – isto é, fora do cérebro e da medula espinhal – estão nos intestinos e o sistema nervoso do intestino está diretamente conectado ao sistema nervoso central através do nervo vago. Como os problemas gastrointestinais frequentemente precedem os sintomas motores [do Mal de Parkinson] por muitos anos, e como a maioria dos casos de Parkinson são causados por fatores ambientais, nós levantamos a hipótese de que as bactérias no intestino podem contribuir para a doença de Parkinson,” descreve o professor Sarkis Mazmanian, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA).
Para testar esta hipótese, os pesquisadores utilizaram camundongos que produzem um excesso da proteína alfa-sinucleína, o que os faz desenvolverem os sintomas de Parkinson. Um grupo de animais tinha um conjunto rico de bactérias intestinais, enquanto outro, os chamados “camundongos sem germes”, foram criados em um ambiente completamente estéril e, portanto, não possuíam bactérias intestinais.
Os camundongos sem germes apresentaram um desempenho significativamente melhor do que aqueles com um microbioma completo, não desenvolvendo os sintomas de Parkinson.
“Este foi o momento ‘eureka’. Os camundongos eram geneticamente idênticos, ambos os grupos estavam produzindo muita alfa-sinucleína. A única diferença era a presença ou ausência da microbiota intestinal. Quando você remove o microbioma, os camundongos apresentam habilidades motoras normais, mesmo com a superprodução de alfa-sinucleína,” disse Timothy Sampson, coautor do trabalho.
A equipe agora pretende ir variando o microbioma dos animais aos poucos, com o objetivo último de “cercar” os elementos – ou as bactérias – que atuam diretamente para produzir os sintomas da doença de Parkinson.
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